segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Taranatha: O ROSÁRIO DE OURO



OM SVA STI
Adoração ao Guru!


TARANATHA
(1575-1634)




O ROSÁRIO DE OURO






Que é uma narrativa que mostra com clareza

as origens do Tantra de Tara



Trad. para o inglês atribuída ao

Ven. Sakya Lama Korchen Tulku
editado em xerox contendo o original tibetano



Trad. em Português de R. Samuel

Fev. do ano 2000 (Losar)






Homenagem ao Lama!

Homenagem a todas as coisas que desde seu princípio são incompreensivelmente não diversas!
Homenagem Àqueles que tudo permeiam, principalmente os Grandes Compassivos!
Homenagem à completa liberação de todos os seres!
Homenagem a Vós, Ó Tare, que se tornou a Mãe de todos os Vitoriosos!







Desde este princípio da narrativa do Tantra de Tara, se alguém quiser que se conte suas várias narrativas históricas (deve-se dizer).

Muito tempo atrás, numa Era anterior à qual nada mais havia, o Vitorioso, o Tathágata Dunbubbis'vara, veio à existência passou a ser conhecido como "A Luz dos Vários Mundos".
A Princesa "Lua de Sabedoria" tinha o mais alto respeito por seu Ensinamento, e por dez milhões e cem mil anos ela realizou oferecimentos a este Iluminado, a seus atendentes Sravakas e a incontáveis membros da Sangha de Bodhisattvas.
Os oferecimentos que ela preparava cada dia eram de doze yojanas em cada uma das dez direções, sendo seu valor só comparável a todas as coisas preciosas que podem preencher a distância intermediária do espaço inesgotável.
Finalmente, depois disso, ela despertou para o Primeiro Conceito de Mente Búdica.
Então um monge lhe falou: "Devido a estas virtudes você pode transformar-se num homem".
E a princesa lhe respondeu: "Aqui não existe nem homem nem mulher / nem eu, nem pessoa, nem consciência. / O conceito "homem" e "mulher" não tem essência / nem "auto-identidade", uma "pessoa"ou alguma percepção (como tal), e portanto o apego à idéia de "macho"e "fêmea" não tem sentido. As fracas mentes mundanas estão sempre iludidas por isso".
E dessa forma ela proferiu: "Existiram muitos que desejaram obter a Iluminação na forma de homem, e existem porém poucas que desejaram trabalhar pelo bem-estar dos seres sencientes na forma feminina. Portanto que eu, com um corpo de mulher, trabalhe pelo bem-estar dos seres até que o Samsara se torne vazio".
Então ela ficou em seu palácio por dez milhões e cem mil anos no estado de meditação, sabiamente aplicando sua mente nos cinco prazeres sensíveis. Como resultado disto ela garantiu o sucesso na realização dos dharmas não-originados e também aperfeiçoou a meditação conhecida como "Salvando Todos os Seres Sencientes, pelo poder da qual, cada manhã, ela retirava dez milhões e cem mil seres dos (limites de) suas mentes mundanas.
Então, no eon do Vibuddha conhecido como o Grandioso ela prometeu na presença do Tathágatata Amoghasiddhi a preservar e defender de todo prejuízo todos os seres sencientes na profunda vastidão das dez direções.
Sentada na equanimidade da meditação conhecida como "O completo subjugar de todos os demônios", diariamente, por 95 eons, ela estabilizou as mentes de um bilhão e dez mil milhões de seres em meditação profunda. Cada noite, também, em sua capacidade como Dama do Reino de Kamadeva, ela vencia dez milhões de demônios.
Então ela foi ornamentada com os nomes de "Salvadora", "Defensora", "Rápida", e "Heróica".
E no eon conhecido como "Que tudo abrange", ao monge [Avalokitesvara] chamado "Pura Luz Radiante" foi concedida a mais alta iniciação dos Raios da Grande Compaixão por todos os Tathágatas das dez direções.
[Inicio de um trecho ilegível do xerox: recorremos a outras fontes para prosseguir].
Ela [Tara] tempos depois nasceu da manifestação desses raios de luz de Avalokitesvara e prometeu, para satisfazer o pensamento de todos os Buddhas, a proteger os seres sencientes dos Oito e Dezessseis Grande Medos.
No eon chamado Mahabadra ela passou a produzir Ensinamentos e manifestar textos [volumes] de Dharma.
[Fim do texto ilegível].
Os auto-nascidos volumes aumentavam sozinhos e sem ajuda e com esses Ensinamentos a proclamação da doutrina ascética era conseguida estabilizadamente [no conceito dos] dharmas como incriados.
Além disso, quinhentos Mestres de Yogacara e oito Mahatmas, pregadores da doutrina da "Existência não-real" e outros viram a fisionomia de Manjusri, Avalokitesvara, Matreya etc.
Os textos do grupo dos três Tantras de Kriya, Carya, Yoga e o método Anuttara assim como partes de Tantras da Sabedoria, também proclamados e foram proferidos para aqueles abençoados com a boa fortuna de ter a visão da figura de Vajrassattva e Vajrapani.
Naquele tempo diz-se que todos os que ouviram o Matrayana atingiram Siddhis sem nenhuma exceção.
A Leste de Bhaga o Rei Haricandra junto com mil atendentes atingiu a Perfeição Búdica de Yuganaddah.
No Norte o Rei de Odivisa chamado Munja atingiu o estado de Vidyadhara junto com mil atendentes.
O Rei Bhojadeva, de Malawa, no Oeste, venceu junto com uma corte de mil cortesãos.
No Sul, em Kongkuna, o Rei Haribhadra junto com inumeráveis servos levou à perfeição o siddhi de fazer pílulas etc, e entre cem a duzentos anos (como resultado) mais de cem mil seres atingiram siddhis.
Devido a esta constante proteção de acordo com esta prática secreta nós não temos conhecimentos de outros praticantes que tivessem sido capazes de alcançar siddhis.
Agora, companheiros, recolhendo dos anais e das estórias, alguns dos benefícios da Nobre Arya Tara, da sua Perfeição e de suas Promessas.
Estarão na forma de discursos.
Para proteção dos Dezesseis Grandes Medos.
Ela é Protetora do Medo dos Inimigos.
Ela é Protetora do Medos Leões.
Ela é Protetora do Medo dos Elefantes.
Ela é Protetora do Medo do Fogo.
Ela é Protetora do Medo das Serpentes Venenosas.
Ela é Protetora do Medo dos Bandidos.
Ela é Protetora do Medo dos Muros das Prisões.
Ela é Protetora do Medo das Ondas do Oceano.
Ela é Protetora do Terror dos Ogres Comedores de Carne.
Ela é Protetora do Medo da Lepra.
Ela é Protetora dos Enganos dos Anjos de Indra.
Ela é Protetora do Medo da Pobreza.
Ela é Protetora do Medo da Perda dos Pais.
Ela é Protetora do Medo da Punição Real.
Ela é Protetora do Medo da Vajramissilies.
Ela é Protetora do Medo da Ruína de Nossos Objetivos.
[A seguir, Taranatha faz a narrativa de Dezesseis Estórias relativas a essas Dezesseis Atividades. Essas Narrativas Já estão traduzidas posteriormente e editadas separadamente neste site. Basta voltar e prosseguir].
Chegamos ao final do Profundo Rei do Tantra Mãe e a Fonte da Origem do Tantra de Tara tendo sido escrito de acordo com o preceito dos Gurus por Rgyal. khams.pa Taranatha que preparou esta obra.
Estas palavras foram proferidas quando eu tinha trinta anos de idade no Mosteiro de Gser. moog. can.

QUE A FELICIDADE CRESCA! ALEGRIA!

TARA PROTETORA DO MEDO DOS INIMIGOS



Um Ksatriya da terra de Odivisa acordou certo dia numa gruta onde tinha adormecido vendo-se encurralado por uma companhia de mil soldados inimigos

que brandiam suas espadas contra ele.
Naquele momento ele se lembrou de ter ouvido que Tare era a Protetora contra os Dezesseis Medos, e como ele não tivesse nenhuma outra Deidade na qual tomasse Refúgio ele pensou que puderia ir para a Deusa como sua defesa.
No mesmo momento em que ele clamou por seu nome a Nobre Senhora em Pessoa apareceu diante dele, chegada dos céus.
Debaixo de um furacão com seus pés ela afastou dali os soldados nas dez direções, e assim aquele homem pôde voltar com segurança na sua própria pátria.

TARE PROTETORA DO MEDO DOS LEÕES



Um lenhador entrou na floresta e lá se viu defronte de uma enraivecida leoa que o colocou entre suas mandíbulas e preparava-se para comê-lo.

Suas esperanças desapareciam. Aterrorizado e pânico ele suplicou à Tare que viesse em seu socorro, e ela subitamente apareceu diante dele, coberta de folhas.
Ela o retirou das mandíbulas da leoa e o colocou em segurança no meio do mercado da cidade.


TARE PROTETORA DO MEDO DOS ELEFANTES




Uma garotinha de doze anos de idade foi um dia até a floresta para colher flores e lá ela se viu diante de um feroz elefante chamado Kuni, o qual prendendo-a com sua tromba começava a esmagá-la com suas presas.

Lembrando-se do nome de Tare, a garota rapidamente implorou a Ela que a ajudasse e Tare colocou o elefante sob seu controle.
O animal, então, colocou a garota sobre uma alta pedra e a reverenciou com sua tromba. E tomando-a sobre si levou-a ao centro do mercado da cidade, onde a exibiu para os conselheiros, o Templo e ao redor do palácio do Rei.
O Rei ouviu falar sobre essa garota e vendo que ela tinha uma grande soma de mérito
tomou-a como sua Rainha.

TARE PROTETORA DO MEDO DO FOGO



Um certo proprietário, odiando seu vizinho inimigo, certa noite colocou fogo em sua casa. Este começou a tentar escapar mas não conseguia fugir e naquele instante começou a gritar: "Ó Tare, ó Mãe Tare!".

Então uma bela nuvem azul nasceu por cima da casa, e dela caiu uma contínua chuva como uma canga, pondo a casa completamente livre das chamas.


TARE PROTETORA DO MEDO DAS SERPENTES VENENOSAS




Um dia em certa cidade vivia uma prostituta que tinha recebido um colar de quinhentas pérolas. Ela então contratou um mercador para vendê-lo e foi a meia-noite a casa dele. Saindo de casa ela tomou a estrada e ali aconteceu de roçar um ramo de acácia onde estava enrolada uma venenosa serpente que coleou o seu corpo.

Pela mera lembrança de Arya Tare, a serpente se transformou numa guirlanda de flores que permaneceu viva durante sete dias. Diz-se que depois disso a serpente perdeu o seu veneno branco e mergulhou no rio.




TARE PROTETORA DO MEDO DOS BANDIDOS



Um homem de Gujarat, conhecido como Bharuckcha, era um riquíssimo comerciante.

A caminho da terra de Maru, com cerca de mil camelos e quinhentos bois, todos carregados de mercadorias, ele viu que tinha ido por acaso pelo território de uma quadrilha de bandidos que se sitiavam no meio de uma floresta selvagem. Todos os comerciantes que anteriormente passaram por ali tinham sido saqueados, e seus corpos esquartejados e várias partes colocadas em várias direções. Vários mercadores foram empalados em estacas de madeira e os bandidos, que pareciam demônios, chegavam a comer suas carnes.
Pois aquele mercador estava absolutamente aterrorizado e como não tinha outra proteção começou a suplicar a Tare que o socorresse.
Ela imediatamente apareceu na forma fantástica de "Tare, a heroína", brandindo uma espada e acompanhada de grande exército.
Ela baniu os bandidos para um lugar muito remoto e transformou a morte em vida.
Segundo se conta, depois que os bandidos foram expulsos dali para um exílio, o mercador seguiu com felicidade e voltou para o clã dos Bharukcha.

TARE PROTETORA DAS MURALHAS DAS PRISÕES



O líder de um grupo de bandidos conseguiu entrar no tesouro subterrâneo do Rei. Lá ele encontrou um tonel de cerveja que bebeu, ficando tão bêbado que desfaleceu e dormiu. Dessa maneira ele foi encontrado pelos guardas reais que o puseram amarrado num calabouço. Ali ele experimentou muitos sofrimentos. Por falta de outro protetor ele rezou para Tare e um pássaro de cinco cores desceu do céu, libertando-o de suas cadeias e abrindo a porta do calabouço por si mesma. Estando livre e outra vez ao largo ele voltou para a sua terra natal. Uma noite ele teve um sonho: Uma jovem adornada de diferentes ornamentos apareceu e disse para ele: "Se você chama o meu socorro então você e seus seguidores devem deixar de roubar!" E assim aconteceu que o ladrão e seus quinhentos cúmplices abandonaram suas vidas de crime e, ao contrário, passaram a fazer muitas virtudes.




TARA PROTETORA DAS ONDAS DO OCEANO




No Sul viviam quinhentos mercadores que tomaram três grandes barcos e partiram para a Terra das Coisas Preciosas. Um dos navios, uma balsa, estava carregada de todo tipo de jóias. Chegando à Terra da Madeira de Sândalo Amarelo, os mercadores encheram o segundo barco. Quando eles estavam de volta para casa, o "Detentor do Tesouro do Oceano" ficou irritado com eles e disparou terrível tormenta que os arrastou para longe. Depois de cruzar oceanos de diferentes cores, os navios se defrontaram com vagalhões gigantescos e devastadores. Eles rezavam para Brahma, Vishnu, Shiva, para o deus da lua e para o deus do sol, para Kuvera e para todas as outras divindades mas não conseguiam socorro. A amarração se rompeu e os barcos carregados de jóias e sândalo se perderam, e o barco em que navegavam era arrastado incontrolavelmente para o Oeste.

Então um Upássaca Budista (um praticante leigo) se lembrou de Tara e em mística e reverente voz recitou o mantra de dez sílabas (OM TARE TUTTARE TURE SOHA). Imediatamente apareceu um agradável vento e o barco começou a navegar de retorno, chegando em Dzambuling (Índia) de noite, acompanhado pelos outros dois barcos que traziam as jóias e o sândalo.

TARE PROTETORA DO MEDO DOS OGRES COMEDORES DE CARNE



No Leste havia um templo que era moradia de ascetas para Sravakas da Seita Sendhapi. E aconteceu que cada noite que algum monge ia fora do Templo no circuito dos muros era assassinado, e consequentemente o número de monges daquele templo diminuía.

Um dia um noviço saiu para caminhar quando um ogre canibal negro, horrível e mostrando seus caninos agarrou-o pela cabeça.
O noviço lembrou-se de que os mahayanistas acreditavam em Tare como salvadora dos Oito Grandes Medos, e achou que poderia pedir sua proteção.
Assim ele gritou seu nome.
Uma deusa negra apareceu, brandindo uma espada, e ameaçou o ogre com ela.
O ogre suplicou ao noviço que o perdoasse e ofereceu a ele um pote de ferro completamente cheio de pérolas que ele tinha conseguido na vizinhança.
E desde então isto nunca mais aconteceu naquele templo.


TARE PROTETORA DO MEDO DA LEPRA



Na terra de Kumarksetra, um poderoso Brâmane pegou a lepra e como ele andava por muito lugares e com muitas pessoas ele as contaminou. Cerca de quinhentos brâmanes contraíram a lepra por causa dele. Parentes e médicos fugiam de sua presença como medo de contrair a virulenta doença.Ele acabou tornando-se um mendigo para poder sobreviver.

Um dia, numa estrada, ele viu uma estátua de pedra da imagem da Nobre Árya Tare, e com muita fé que de repente nasceu dentro dele suplicou a ela pela salvação dos quinhentos Brâmanes infectados.
Então aconteceu que um líquido medicinal começou a escorrer sem parar da mão da estátua de Tare, e quando ele se banhou ali com esta medicina ele descobriu que a lepra desaparecia. Diz-se que ele se tornou tão completamente belo como um deus.

TARA PROTETORA DOS ENGANOS DOS ANJOS DE INDRA




Um desses poderosos duendes era protetor de regiões orientais mas na realidade ele era um demônio gandharva que, facilmente irascível, tornava-se um grande obstáculo ao Supremo Dharma por conta da sua proteção: Na gruta da floresta da terra de Mathura viviam quinhentos monges e meditadores Srávakas. Ele moravam ali praticando o supremo Dharma assíduamente. Algumas vezes aquele espírito lhes aparecia como um Brâmane, algumas vezes como uma jovem menina, outras vezes com o corpo de um monge e até mesmo como um yaksa ou um feroz leão. Era também sabido que ele aparecia como um búfalo ou como um leão de oito pernas chamado Sarabha, muito feroz que tinha muitas faces. Ele era um espírito perverso, que usava meios ardilosos e divertidos para distrair os monges de sua prática. O resultado foi que um dos monges perdeu a memória, outro ficou doente e outro mudou sua mente tornando-se outra pessoa. Isto os prejudicou, e eles acabaram passando o tempo em cantoria e danças.

Então, um certo monge, compreendendo o obstáculo causado por aquele espírito mau, lembrou-se de que Tare era conhecida como protetora daqueles terrores e ele arguiu que ela poderia ser de grande benefício para todos.
Ele então fez uns desenhos de Tare e os colocou nas árvores da floresta.
E aqueles monges que tinha sido tomados por inquietas loucuras ficaram calmos e todos eles prestaram homenagem a Ela e se converteram ao Mahayana.

TARE PROTETORA DO MEDO DA POBREZA

Um Brâmane que era extremamente pobre sofria muito com isso. Um dia ele vinha numa rua muito estreita e se viu diante de uma estátua de pedra de Árya Tare. E ele desabafou contando como seus problemas tinham nascido.

Então, apontando um lugar perto do santuário, ela disse que tudo ia mudar e seria recuperado seu tesouro. Então, exatamente onde Ela tinha indicado, o Brâmane encontrou muitos vasos de ouro cheios de pérolas e muitos vasos de prata cheios de várias jóias. Conta-se que em uma semana todo o seu sofrimento devido à sua pobreza se dissipara.
Também certa vez havia um fazendeiro empobrecido que invocou a Nobre Tare e suplicou a Ela. Ela apareceu sob a forma de uma Senhora Coberta de Folhas e profetizou que ele poderia ir para o Oriente. Ele assim fez e, certa noite que dormia no deserto, foi despertado pelos sons de sonantes sinos e viu um cavalo verde, ornamentado por sinos, cavalgando na areia do deserto. Num flash aquele cavalo desapareceu e o fazendeiro, guiado pelas pegadas daquele cavalo, encontrou primeiramente uma porta de prata, depois outra de ouro, depois uma de cristal, a seguir outra de lápis lázuli e, finalmente, uma porta feita das sete preciosas jóias. No reino para o qual as portas se abriam ele tornou-se rei de muitos Nagas e Asuras e experimentou muitos dos seus desejos. Quando ele retornou através das portas ele
voltou para sua terra e percebeu que, durante a sua ausência, três reis tinham reinado em três períodos de tempo, assim se diz.

TARE PROTETORA DO MEDO DE PERDER OS PARENTES


Havia um brâmane que tinha grande número de parentes e grande quantidade de riqueza. Um dia apareceu um certo tipo de doença contagiosa que matou seus filhos, esposa, irmãos de linhagem e também seus tios. Com a mente arrasada de lamentações ele chegou em Varanasi. Ele entrou num sítio onde certos budistas estavam realizando um festival de Tare e uma vez lá ele ouviu a descrição das grandes qualidades da Nobre Senhora. A seu pedido, ele atirou uma mão cheia de flores e quando voltou para casa ganhou uma noiva do Rei de Jayacandra e tornou-se governador. Este Brâmane erigiu cento e oito Templos de Tare e em todos grandes festivais de Tare foram observados.


TARE PROTETORA DO MEDO DA PUNIÇÃO REAL


Na terra de Ayodhya vivia um rico e poderoso proprietário e certa vez por alguma razão o rei se tornou desfavorável com ele acreditando em maledicências que se fizeram contra ele. Este homem, tendo sido vítima de várias imposições reais, foi para Tirahut e depois para a Terra de Camparana, onde o Rei de Ayodhya mandou seus homens procurá-lo. Lá o prenderam e o trouxeram de volta a Ayodhya. Implorando por Arya Tare o proprietário pediu sua ajuda e por sua graça quando seus pés tocaram os degraus da porta isto se transformou em ouro. Quando ele foi colocado na prisão uma chuva de colares de pérolas caiu sobre ele e quando ele ia ser colocado numa estaca para ser empalado a estaca se transformou numa mangueira cheia de frutos e flores. O rei e todos estavam impressionados com tudo isso, visto que aquele homem devia ter muito mérito para que tudo aquilo ocorresse. Então sua punição foi comutada por algo apropriado e ele posteriormente se tornou ministro daquele rei.



TARE PROTETORA DO MEDO DE VAJRAMÍSSEIS

(raios)

Na Terra de Bengala um certo Praticante Budista Leigo (Upásaca) depois que seus dias de trabalho no campo terminaram foi por uma estrada e se deparou com um santuário de um Yaksa. O upásaca esmagou aquilo com o pé e prosseguiu e então o Yáksa ficou irado. Naquela noite vinte e um raios caíram do céu sobre sua casa. E pela mera lembrança do Nome de Tare as línguas de fogo dos raios se transformaram em flores, não molestando seus filhos, sua esposa ou sua propriedade.



TARE PROTETORA DO MEDO DA DESGRAÇA DE NOSSOS OBJETIVOS

Um proprietário foi com toda a sua fortuna para outro país. Lá ele tentou comprar terras do Rei. Ele confiou sua riqueza a um amigo e foi em um navio cruzar o oceano em busca de mais riqueza. Porém, ainda que viajasse por muitos anos em vários continentes daquele oceano, não conseguia encontrar riqueza ou certas mercadorias.Um dia, pelo poder do destino, o barco virou devido aos ventos, nas costas da ilha de Málaca. Lá ele encontrou muito coral e sândalo amarelo que era o de que precisava. Ele carregou o seu barco com essa mercadora e voltou para casa. No caminho, deparou-se com Magangmarsi, um enorme crocodilo da família dos peixes que, com seu nariz de ferro, esmagou o barco. O homem agarrou-se a uma prancha e foi levado pelas ondas até Dzambuling. Ali tentou encontrar outra vez seu amigo, mas quando chegou naquele lugar onde o deixara soube que um tigre o tinha devorado. Aquele homem encheu-se de tristeza e lamentações porque todos os seus planos tinham dado em desgraça e inutilidade. A conselho de outro amigo, ele rezou a Tare e muita fé nasceu dentro dele. Num sonho ela disse para ele: "Vá à praia do Rio Sindhu! Lá tudo o que você procura será encontrado." Seguindo as instruções ele encontrou naquele lugar um vaso que continha todas as coisas preciosas que ele havia descoberto no oceano ocidental recuperadas das águas do rio. E indo à casa de seu amigo morto ele encontrou todo o tesouro que lhe tinha confiado escondido num específico lugar. Depois disso, ele voltou para sua própria pátria e ofereceu um carregamento de sândalo amarelo ao Rei. O Rei em recompensa lhe ofertou a custódia de cinco de suas melhores cidades.




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TARANATHA, segundo Martin Wilson (In praise of Tara. London, Wisdon Publications, 1986. p. 169) nasceu em 1575 e foi um erudito autor de vários livros, entre os quais a História do budismo na Índia. Construiu o mosteiro indiano de Tak-tan e viajou pela Mongólia onde fundou vários mosteiros e onde deve ter falecido.

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